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sábado, 12 de julho de 2014

Não intelectualize sua performance

Não copie. Viva. Sempre peço aos meus alunos para que observem as pessoas. Saber olhar é tão misterioso e revelador quanto falar, escutar. Se você está de saco cheio dentro de um trem, metrô, ônibus, fila de banco, se divirta observando as pessoas ao ser redor. De forma discreta. Observe os que estão mais longe para evitar constrangimentos. Faça perguntas em relação a uma pessoa específica. Onde ela mora? Para onde ela vai? Porquê ela se veste assim? Será casada? Tem filhos? Paga as prestações em dia? Perguntas devem ser frequentes para que o Ator descubra quem é o seu Personagem. Não interessa se é subtexto e que jamais isso entrará no roteiro. O Ator precisa se moldar, buscar elementos no extra-campo. Ele não é só aquilo que está no roteiro. Certa vez eu estava trabalhando em uma cena com um Ator e fomos descobrindo juntos o Personagem. Havia uma cena que foi fornecida, uma única cena. Através dessa única cena, fui provocando o Ator para que ele saísse do Ator e fosse buscando o Personagem. Porquê os 2 são radicalmente opostos. O Ator é todo educado, gentil, sensível. O Personagem é malandro, arrogante, bruto. Fui buscando no Ator elementos dele próprio que ele mesmo desconhecia para que doasse ao Personagem. O que não foi possível doar, fomos construindo. Mas na hora de fazer a cena, o personagem, que é malandro e cheio de papo furado, atuou. E a gente jamais deve buscar a atuação, e sim, a vivência do Personagem. Eu não quero ver uma atuação. Porquê essa atuação me tira da verdade. O Ator de certa forma "copiou" o que ele acredita ser um malandro,e buscou a caricatura. Não o viveu. Faltou ao Ator incorporar na sua cena tudo o que buscamos durante a fase de questionamento e entendimento de quem era o personagem dele. Ele abstraiu tudo isso e buscou na sua memória o que ele achava ser a alma de um malandro. Pedi para refazermos tudo. Ele não precisa ser igual a um outro malandro que ele imaginou. Ele é único. Nem todos os malandros são iguais. Faça o seu, entenda quem você é. e daí, faça. Ninguém está em busca de um novo Wagner Moura, de um novo Jesuíta Barbosa. Estamos em busca de bons atores como eles. Mas com sua identidade própria. Porquê Wagner Moura e Jesuíta Barbosa já existem. Crie e elabore. Contribua. Todo Diretor espera isso do seu Ator. ARRASA!!!

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