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quinta-feira, 28 de agosto de 2014

A nudez em cena

"Está ficando muito tarde em minha carreira para me preocupar com coisas pequenas. Está ficando muito tarde para não me tornar uma pessoa corajosa, de não viver minha vida por completo, de não me tornar uma Artista. Coisas triviais como o quão bom será o seu quarto de hotel, ou se você tem que ficar nua em cena, essas cosias desaparecem." Helen Hunt, Atriz ( Ficou totalmente nua em cena no filme "As sessões", aos 47 anos de idade. Já trabalhei em muitos projetos e sei do que estou falando: nada apavora mais um Ator do que descobrir que terá que tirar a roupa em cena. E eu fico sempre pensando comigo mesmo: Será que nos cursos de interpretação, não existe um módulo onde o Ator trabalha a nudez, onde o Professor faça o Aluno entender que a nudez faz parte do trabalho do Ator? O Ator vive de sua imagem, e seu instrumento principal é o seu corpo e voz. E não é voyeurismo nem fetiche da minha parte, mas eu como Cinéfilo admiro muito a nudez em cena. Recentemente tivemos um filme inglês chamado 'Sob a pele", com Scarlett Johanson. Scarlett todos sabem, é símbolo sexual. Ela já trabalhou a sua sensualidade em dezenas de filmes. Porém, em "Sob a pele", pela primeira vez, ela se expôs totalmente nua. A cena é de uma beleza estonteante. As pessoas podem até não gostar do filme, por ser hermético ou bizarro demais para seu gosto, mas ninguém passa incólume à nudez em cena de Scarlett. Outro exemplo foi Wagner Moura em "Praia do futuro". No filme de Karin ( Cineasta que admiro muito e que expõe a nudez de seus atores sempre de forma bela e espontânea, vide "O céu de Suely"), Wagner fica totalmente nu. Em uma cena, após uma transa, ele se levanta nú e conversa com o seu parceiro de forma natural, como é a vida de um casal que se ama. Sem cueca, sem lençóis cobrindo parte íntima nem nada. Para o espectador, fica a verdade da cena, fica a verdade dos personagens. Não tem um Ator que não tente demover a idéia da nudez com o seu Diretor: "Mas é mesmo necessário? Não podemos filmar de outra forma sem eu ter que tirar a roupa?" Não estamos mais nos anos 40, na época do Macartismo americano, quando todos os casais que transavam tinham que estar com lençóis cobrindo seus corpos até o pescoço. Isso não existe. Quando eu vejo um filme com atores transando de lençol, penso logo em uma situação falsa, penso logo que o Ator não quis se expôr, penso logo em caretice. Não sou nenhum tarado, muito menos um pervertido. Mas é cruel ficar vendo Diretores tentando convencer os Atores a tirarem a roupa em cena. A sensação que me dá é que estamos "Estuprando" esses atores, pois eles ficam tão apavorados, e muito pouco a vontade. E não deveria ser assim. Nudez tem que ser encarada pelos Atores como algo natural. Já trabalhei com Diretores que, sem paciência com seus atores e para motivá-los, tiram as suas próprias roupas e andam nús no Set. "Se eu tiro, porquê você não tira? " O que eu sempre falo para os atores: Confiem em seu Diretor. Nenhum Diretor vai querer expôr o seu Ator de forma gratuita ou desglamurizada. Em cenas de sexo, geralmente as imagens são trabalhadas de forma estilizada, com uso de fotografia especial, câmera lenta ou o que quer que seja. Obviamente que existem projetos e projetos, mas o Ator inteligente saberá quando ele está entregue em boas mãos e em um projeto de qualidade. Nas minhas aulas, observo que a maior inimiga da nudez para o Ator é a vaidade. É o temor da celulite exposta, da estria, dos kilos a mais, do seio caído, da bunda flácida, do pau pequeno. O que eu sempre faço os alunos entenderem, é que existe uma diferença entre Ator e Personagem, algo que ainda não é claro para muita gente. Se o Personagem não é vaidoso, o Ator não pode entrar em cena e provocar conflito. A Atriz Maria Gladys é um ícone para mim. Musa do Cinema nacional, no filme "A febre do rato", de Claudio Assis, ela aparece totalmente nua e transando dentro de uma tina com Irandhir Santos. É uma cena louca, mas visceral. Uma cena de grandes atores. Gladys, aos 60 anos, entende que a Personagem precisa dessa vivência provocativa. É isso que alimenta o verdadeiro Ator. A provocação. # arraZa

domingo, 24 de agosto de 2014

Merda pra você

MERDA PRA VOCÊ Quem não é do meio artístico sempre se diverte quando ouvem Atores desejando uns para os outros "MERDA!". Uns até se assustam, achando que rola ciúmes e que um quer que o outro se dê mal na apresentação. Para quem sempre ouve, mas não entende o porquê dessa expressão, vou explicar um pouco como surgiu esse jargão. Em qualquer outra profissão, quando um Profissional vai executar uma apresentação em um evento, ou fazer um lançamento de um projeto em um dia especial, é comum todos desejarem a ele "Boa sorte". No meio artístico, reza a lenda que desejar "Boa sorte" acabava trazendo efeito contrário. Os Atores eram supersticiosos e resolveram nomear um jargão próprio que trouxesse esse espírito de que "vai dar tudo certo". Nos Estados Unidos, o termo usado é "Break a leg", ou seja, "quebre uma perna". Não se sabe a origem dessa expressão, mas é a forma carinhosa e motivadora que os atores e profissionais do meio se desejam "Boa sorte". A expressão "Merda", popularizada aqui no Brasil teve sua origem na França. Lá, os franceses chamam de "Merde", copiada pelos espanhóis que chamam de "mucha mierda". Não se sabe também de onde saiu exatamente essa expressão, mas acredita-se que se deve a um Ator francês que estava tenso pois naquele dia vários críticos estariam na platéia. Indo a pé para o Teatro, o Ator pisou num monte de merda e subiu no palco. Ele considerou a sua melhor performance e creditou a sorte pelo fato de ter pisado na merda. Existem também várias outras versões para a origem da expressão merda: 1- Dizem que na Grécia Antiga as peças políticas incomodavam a platéia, que recebiam montinhos de merda para jogar nos atores caso não gostassem. Porém, o efeito surtia o contrário: quanto mais merda jogavam, sinal de que faziam sucesso, pois a casa ficava lotada e a provocação da peça teria surtido efeito. 2- Tem também a versão de que o público ia de charrete para os teatros, e que os cavalos cagavam em frente às portas das casas de espetáculo. A platéia acabava pisando na merda, e quanto mais merda, significava que mais espectadores a casa tinha. Seja lá qual fôr a versão correta, o importante é que jamais deixemos de desejar "Merda" para os Atores que entram em cena. Estímulos fazem bem à alma de todo mundo. #arraZa

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Verde e maduro

Na reunião de Casting, com Diretor e Produtor de Elenco presentes, são escolhidas pessoas que irão fazer teste para determinado personagem. Esses pessoas, quando não são famosas, são escolhidas através de foto e vídeos que o mesmo produziu. Se estivermos trabalhando em algumas Emissora de televisão, geralmente existem vídeos de cadastro onde o ator fez algum monólogo. Fazendo uma comparação grosseira: quando compramos produtos ( roupa, eletrodomésticos, etc) em algum site da Internet, acreditamos em tudo o que é dito ali no release do produto: qualidade, duração, textura, cores... Aí quando o produto chega, é aquela decepção: não era exatamente como estava descrito no site. E o cliente normalmente quer devolver quando o produto não lhe agrada. Com atores escolhidos através de fotos e vídeos é a mesma coisa. A gente acredita em tudo o que está sendo oferecido ali. A atuação, o tipo físico, a verdade e segurança do ator. Mas muitas vezes, no dia do teste, com os atores selecionados, rola uma grande decepção. A primeira impressão vem do tipo fisico: "Nossa, como esse ator engordou.". "Nossa, como ela envelheceu.". " Ela é mais baixa do que parecia no vídeo.". "Ele tem a cara toda esburacada." Aí vem o teste, e boa parte das vezes, o ator já começa falando: "Estou um pouco nervoso.". E erra o texto. E pede para repetir. E as mãos tremem. E aí, o que era um sonho do ator, vira um grande pesadelo. E esse pesadelo vem no olhar do Diretor, que nem precisa falar nada. Muito difícil esconder esse olhar de decepção, ou com o tipo físico ou com a performance da pessoa. Conheço muitos Diretores que ainda na hora do teste troca olhares discretos com o Produtor de elenco, tipo "Quem é essa pessoa que você me apresentou", e o Produtor de elenco retruca também com o olhar : "Eu não fazia idéia que era assim. Afinal, eu só o conhecia através de fotos e vídeos." O olhar, acreditem, diz tudo isso, sem você ter que dar uma única palavra. Não adianta vocês contratarem aquele puta fotógrafo que irá usar o Photoshop para apagar todas as suas imperfeições. Vamos deixar isso para as fotos publicitárias. O Ator precisa ser visto como ele é. Se ele tem uma pinta preta no meio da testa, não apague. Pois ela estará lá no dia do teste. Se você for acima do peso, não adianta afinar sua cintura na foto. Deixa estar. Mesma coisa os vídeos. A gente nunca sabe como foi feita a edição. O Ator pode ter gravado 10 takes para ter saído aquele take bom que acabou sendo utilizado no videobook. Mas no dia do teste, você não terá chance para fazer 10 vezes. No máximo 3 vezes, e olha lá. Ator que pede para repetir já é visto diferente. Se você se sentir "verde", crie seu próprio método de passo a passo para ganhar a segurança que você precisa. Crie formas de segurar sua ansiedade, seu nervosismo, sua fala tremida. A sua confiança no olhar, seu corpo ereto que inspira profissionalismo. Ms quando digo "verde", falo do ator formado e com DRT. Que já se sente pronto para batalhar por seu espaço. Não é o pretendente de Ator ansioso que quer fazer testes antes da hora. Todo Diretor gosta do ator "maduro", que não lhe trará problemas no set de gravação. Saia do "verde" e amadureça. Você mesmo encontrará a melhor forma de fazê-lo. #arraZa

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Lidando com esporro

Desde que eu estudava Cinema na Faculdade, sempre tive o sonho de estar em um Set de filmagem. Já havia estado como figurante. Achava incrível toda aquela movimentação da equipe técnica, atores e figurantes dando vida a uma cena, os assistentes de direção coordenando tudo. Era isso o que eu queria. Meu primeiro filme foi "O que é isso, companheiro?". Era estagiário de direção. A imagem que eu tinha de um Set de filmagem era uma, e a realidade, logo de cara, me trouxe outra. Era stress 24 horas por dia, correria, Diretor dando bronca em todo mundo, produção dando esporro em seus assistentes, e eu também, levando muita dura. Ninguém era poupado: Elenco, Equipe e figuração, todos sob uma adrenalina muito forte e tensa. Entendo que era um filme complicado de logística ( filme de época, muita figuração, elenco grandioso, etc), mas eu não entendia porquê as coisas somente funcionavam na base do esporro. Confesso que teve uma hora que eu quis chorar, porquê todo o mundo idealizado havia ido por água abaixo. "É isso o eu quero pra minha vida? Fica sob esse permanente stress? Levando esporro toda hora? Será que eu aguento?" Resolvi que eu não iria soltar uma lágrima sequer, e que eu não daria esse prazer para ninguém. E respirei fundo, pensei no sonho que eu sempre tive de estar nesse mundo e fui em frente. E aqui estou, até hoje. Depois de mais de 60 longas, tendo levado todo tipo de dura, mas também reconhecimento pelo meu trabalho, fiquei mais forte, Me transformei. Hoje em dia, posso dizer que sei lidar com esse universo bipolar que convivemos. Lidar com pessoas não é para qualquer um. Às vezes invejo técnicos que trabalham sozinho, como o Still, o editor, o logger. Antes de trabalhar com cinema, eu trabalhava com restaurante. Sempre lidei com pessoas na minha vida. Você acaba sendo meio que um terapeuta de todo mundo. Tá ali segurando a onda do ator que não está num bom dia, no Diretor que acordou de mau humor, do fotógrafo que só te dá fora. Quanto aos atores, canso de testemunhar Diretores dando esporro neles. Em um seriado de televisão que trabalhei, havia uma cena de balada. A protagonista entrava na balada e era logo abordada por um rapaz, que lhe dizia umas 3 frases de galanteio. Ela escutava, fazia pouco caso e ia embora. Um ator jovem foi chamado para fazer esse rapaz. Conversando com ele, ele me confessou que tinha pouca experiência em tv. Perguntei se ele havia decorado o texto, ele disse que sim, e declamou para mim. Porém, ao ser chamado para o Set, vendo aquele número enorme de figuração, todo o aparato técnico de luz, equipamento, ele panicou. Ele percebeu que tudo aquilo ali era para ele, que ele era o centro das atenções. O Diretor falava num talk back e dava ação. A atriz entrava na balada e tinha que ser abordada por ele. Na primeira vez, o ator errou o texto. Vamos lá repetir de novo. Repetimos umas 4 vezes. O diretor deixava-o cada vez mais tenso, pois sempre chamava a atenção dele pelo talk back, para que todos escutassem. Até que na quinta vez, o Diretor gritou no microfone: "Quem foi que arranjou esse amador? Você fudeu com a minha filmagem, vou cancelar tudo. Me arranjem outro ator para amanhã." O ator saiu de lá aos prantos, e provavelmente, na sua cabeça, naquele momento, devia estar pensando que o seu sonho de ser ator tinha acabado de morrer. Em outro filme que trabalhei, uma produção independente, o Diretor, não satisfeito com a performance do ator, bateu forte em suas costas e gritou com ele: "Porra, você não consegue fazer direito essa cena? "" O Ator ao entrar em um Set de gravação, precisa entender que aquele dia pode não ser um bom dia para errar texto ou dar sugestões. O Diretor, fotógrafo, todos podem estar de cabeça quente porquê as coisas não estão indo de acordo com o planejado. Conheço vários Diretores que não costumam dar muitas chances a atores inseguros. Principalmente em Televisão, onde o ritmo vai alucinado. O Ator inseguro que treme ao contracenar com um ator-estrela, que não tem o texto na ponta da língua ou que não consegue passar emoção na cena, provavelmente vai levar uma dura tanto do Ator com quem contracena, quanto do Diretor. E como agir na hora do esporro? Dificil dizer, pois tudo depende da forma como as coisas acontecem. De qualquer forma, usarei o meu exemplo como dica. Na hora do esporro, foque, não panique. Respire fundo, se concentre. Pense no que está dando errado. Se for o caso, peça um copo de água ou uma pitada de sal para acalmar seus nervos. e prossiga. Foque naquilo que você sempre quis, que é estar ali, no set de filmagem. Por isso é muito importante que você só deve fazer testes ou participar de alguma produção quando você estiver se sentindo realmente seguro. Ator sem experiência que quer trabalhar como ator logo de cara tende a se ferrar, pois na hora da verdade costuma tremer de nervoso. O mercado não costuma te dar muitas chances. Quando você chora na frente das pessoas ou leva esporro no microfone, você já está carimbado como 'O ator inseguro". E para tirar essa imagem, vai levar tempo. De qualquer forma, o importante é bola pra frente e tirar o ocorrido de sua cabeça. Não leve nada pro pessoal. Somos humanos e estamos sempre passíveis de cometer erros. Vamos aprender com os erros e evitar sempre de repetir as cagadas, focando nos estudos e na prática. #arraZa

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Filmando cena dirigindo carro

O Ator lê o roteiro e descobre que o seu personagem irá dirigir um carro. Daí ele pensa: "Caraca, não sei dirigir carro, mas vou mentir e dizer que sei." Isso já aconteceu comigo em um filme. O Ator disse que sabia dirigir para não perder o papel. No dia da filmagem, ele provocou um acidente que quase matou uma criança: ele não conseguiu frear o carro, bateu num muro e do outro lado do muro tinha uma criança brincando. A sorte que o muro não atingiu a criança. Feito esse pequeno prólogo, faço aqui um detalhamento técnico para que os atores que não tenham muita experiência em Set de gravação/filmagem entendam como se filma uma cena de um Ator dirigindo um carro de cena. Temos várias formas de fazer essa filmagem. A realização dela geralmente envolve orçamento e/ou conceito de linguagem do filme. As formas mais comuns de filmagem são: 1) Camera-car O camera-car é uma espécie de reboque acoplado a um cambão. O carro é sustentado nas rodas da frente por esse cambão. Existem espaços laterais, uma espécie de plataformas, onde podem ser instalados equipamentos de câmera, iluminação e parte da equipe técnica. Na parte de trás do camera-car, ficam sentados a equipe técnica reduzida, que envolve o Diretor, fotógrafo, assistente de direção, continuista, assistente de câmera e um platô. O Ator não dirige o carro, ele finge, pois o carro está sendo rebocado. Geralmente usado em cenas onde existam muitas falas, para que o ator fique à vontade e não se preocupe com o trânsito. O Diretor vê tudo pelo monitor e conversa com o Ator que está ali próximo. Também recomendado para atores que não sabem dirigir carro. Para se filmar em camera-car, é necessário uma rua larga ou avenida. 2) Croma Leva-se o carro de cena para o estúdio e coloca-se um pano de croma grande que cubra todo o fundo do carro. Muitos diretores pedem que o carro seja filmado em estúdio para poder ter mais controle sobre a filmagem, sem os inconvenientes do trânsito. Também para poder fazer movimentos de câmera impensáveis em uma rua de verdade. Usado também para atores que não sabem dirigir carro. No croma, aplica-se uma imagem de uma rua, avenida ou paisagem qualquer . A essa imagem, chamamos de "Plates". Pode-se também aplicar efeitos no croma, por exemplo, fazer o carro voar. Às vezes levamos ventilador de efeito para simular os cabelos dos atores voando conforme a velocidade que o carro estaria fazendo na estrada. 3) Grips laterais e frontais Grip é uma traquitana acoplada a ventosas, que podem ser fixadas nas laterais das janelas ou no capô dianteiro. A essa modalidade, o ator dirige o carro de verdade. Ele precisa estar atento ao texto e ao trânsito. Geralmente a produção coloca carros de cena estrategicamente posicionados na frente a atrás do carro de cena para garantir-lhe guarita. A equipe reduzida está em um carro de apoio que o segue, e a imagem chega ao diretor via video-link ou o diretor vê essa gravação depois, quando o carro para para para revisão. 4) Saveiro acompanhando Um carro estilo saveiro ou pick up contém a câmera em sua carroceria, filmando o ator dirigindo o carro de verdade, e o acompanha em uma trajetória previamente definida. O Ator também fica atento ao texto e trânsito. 5) Câmera dentro do carro Retira-se um banco ou da frente ou de trás para colocação da câmera. O Ator também dirige o carro de verdade. A câmera fica na mão ou presa a um tripé. 6) Dublê de corpo O Diretor resolve que os atores não irão dirigir o carro porquê não vai aparecer a cara deles. Contratam-se então dublês de corpo, que colocarão as roupas dos atores e estarão dentro do carro. No mais, é isso. Encham o tanque do carro, e ARRASA!

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

A hora de abandonar o sonho

Eu tenho muitos amigos atores. Alguns conheço a mais de 15 anos. Desses, quando os conheci, vários alimentavam aquele sonho que nos impulsiona pra vida. O Sonho de estarem na tela da Globo, de estarem no palco de teatro, na tela de um Cinemark. Aquele frisson inenarrável de ver os amigos, a família, os desconhecidos comentarem a sua performance, elogiando, desejando sucesso e tudo o que a profissão de ator puder proporcionar de melhor. Posso falar sobre um de meus amigos. Ele não é do Rio de Janeiro. Veio para cá porquê todos em sua cidade diziam que aqui, é onde o sonho começa. Tem a Globo, tem produção de Cinema. São Paulo, dizem, é lugar para comerciais e teatro. Chegou com muito pouco, o suficiente para dividir um apartamento pequeno na Zona Norte do Rio, com um conhecido dele que estudava para engenharia. Durante esses 15 anos, ele fez de tudo: se inscreveu na CAL, fez alguns cursos livres de interpretação. Na Cal, ele conheceu umas pessoas e juntos, montaram um grupo de pesquisa. Mas chega uma hora que você precisa trabalhar porquê o dinheiro só sai e não entra. Ele chegou a tentar ganhar dinheiro dentro da profissão de ator. Porquê se fosse trabalhar como vendedor ou atendente, ele teria que se dedicar full time pro trabalho e não teria tempo pata estudar. As opções que ele conseguiu: fazer figuração e ou trabalhar como garçon de noite. Preferiu fazer figuração, porquê disseram para ele que seria bom fazer figuração para observar como as gravações funcionam. e também, porquê ele queria estar ao lado de atores famosos. E assim foi, fazendo muitas participações como figurante. Ganhando uma merreca, mas que ajudava a pagar as despesas de casa. Nos dias que precisava gravar o dia todo, ele faltava a aula. Ele sempre ouvia falar de testes, mas por ainda não ter DRT, ele não poderia fazer. Ansioso, ele acabou conseguindo um DRT por meios digamos não legais. E começou a se aventurar nos testes. A sua aparência é de uma pessoa comum, igual a todos que vemos andando na rua, no vagão do trem. Não chama atenção. E por se achar uma pessoa comum, ele chegou no teste de elenco e ficou com uma energia lá embaixo. Isso porquê ele adentrou a sala e viu um monte de atores bonitos. Isso o assustou. Fez o teste, e não passou. E culpou a sua aparência por não ter passado. Não entendeu que não havia passado porquê ele ainda não estava pronto. Ainda não era formado. Mas tinha um DRT e se achava pronto. Ele conseguiu fazer vários outros testes, e nunca passava. E sempre julgava a sua aparência. E assim, acabou aos poucos focando na figuração. E dali, ate hoje, não saiu mais. Como ator? Fez algumas pontas em filmes, todas sem fala. Algumas peças de teatro, todas sem expressão. O amigo que dividia o apartamento? Se formou e hoje ganha muito bem como engenheiro. Tudo isso foi determinante para que esse meu amigo tomasse a decisão de estudar uma faculdade e desistisse de ser ator. Mas fica aqui a pergunta: Quando sabemos a hora de desistir de um sonho? E porquê desistimos dele? Estudei o suficiente? Entendi como as coisas funcionam na Indústria do entretenimento? De fato, eu sei explicar a mim mesmo o que é o Ofício de ser Ator? Que Ator e celebridade são duas cosias totalmente diferentes? O que de fato eu quis ao dedicar a minha vida e sonho a ser Ator? Aonde eu queria chegar? Se você não encontrar respostas para nenhuma dessas perguntas, aí sim, você saberá a hora de parar. ARRASA!

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Filmografias fundamentais para o ator

O Ator disciplinado é aquele que estuda sempre. Auto-didata, vai atrás, não espera ninguém lhe dar conselhos e sugestões. Sempre faminto por cultura, por literatura, bons textos de teatro, boas peças em cartaz, filmes clássicos que os estimulem a buscar novidades e referências. Referência é uma palavra-chave que deve estar na ordem do dia de qualquer artista, seja ele Diretor, Ator, Roteirista, Figurinista, Maquiador, Diretor de arte. Absolutamente, não existe um profissional que trabalhe com som e imagem que não vá atrás de referências para o seu trabalho. Segundo o Cineasta Roman Polanski, todas as histórias e cenas já foram contadas e realizadas. O que temos que fazer, é tornar essa história e essa cena melhor do que a original. Em vários Testes de Elenco, quando eu trabalhava como Assistente de direção, eu perguntava ao Diretor qual o tom que ele queria que os atores dessem. Muitos Diretores, estudiosos de Cinema e cinéfilos, diziam apenas um termo referente a uma cinematografia e eu imediatamente já entendia o que ele queria dizer. "Quero algo meio 'Felliniano". Quero algo meio "Tarantino". A energia dos personagens que protagonizam os filmes desses cineastas é tão clara, que basta dizermos a um ator que ele entende, evitando performances errôneas. Muitos Cineasta criaram uma filmografia tão peculiar, com um universo tão particular, que fica fácil de todos entenderam a o que se propõe o projeto. Uma vez um Diretor pediu para que eu avisasse aos Atores que a referência dele para o seu projeto eram os filmes de Wes Anderson. Essa informação foi muito útil também para os Chefes de Departamento ( Fotografo, diretor de arte, figurino, etc), que se basearam nas cores e situações de vários de seus filmes famosos. Importante lembrar que não deve ser uma cópia, e sim, referência. Abaixo, cito 20 Cineastas fundamentais , que com seus filmes, criaram uma forma particular de se pensar o Cinema e a arte de atuar. 1) JACQUES TATI Filmes síntese: "Meu Tio", " As férias de Monsieur Hulot". O personagem atua com seu corpo, olhares, gags físicas. Não existe o uso de diálogos. Para mim, é muito mais difícil o ator se comunicar usando o seu corpo, sem falas. 2) INGMAR BERGMAN Filmes síntese: "Persona", " Gritos e sussurros". O personagem depressivo, traumatizado por algum fato de seu passado. O medo da morte, A solidão. 3) WOODY ALLEN Filmes síntese: "Manhattan", "Noivo neurótico, noiva nervosa". O personagem cheio de fobias, hipocondríaco, tragicômico, anti-social, neurótico. Tiques nervosos. Ansiedade. Reparem que todos os atores que interpretam o alter-ego de Woody Allen atuam exatamente igual a ele. 4) MICHELANGELO ANTONIONI Filmes síntese: "A aventura", "A noite". O personagem existencialista, em busca de um rumo. Alma vazia, olhar distanciado. Está sempre em crise. 5) TIM BURTON Filmes síntese: " Edward mãos de tesoura", "Ed Wood". O personagem bufônico, careteiro, sem medo de pagar mico, livre para voar, livre para sonhar. É o diferente, que muitas vezes se isola por ser incompreendido. 6) PEDRO ALMODOVAR Filmes síntese: " Mulheres à beira de um ataque de nervos", "Tudo sobre minha mãe". Personagens sem juízo de valor. Tipos marginalizados, que lutam para serem reconhecidos. O Artista que quer ser ouvido. Personagens vibrantes e multi-facetados que vão atrás de seus ideais. O melodrama como base das atuações, sempre em tom acima da média. 7) SPIKE LEE Filmes síntese: "Faça a coisa certa", "Febre da selva". Personagens cheios de energia, rancorosos, preconceituosos, que odeiam quem os tratam mal e lutam pelos seus ideais. Sangue fervilhando nas veias, O fator social pesando nas suas costas, o grito que quer ecoar a qualquer momento. Explosão emocional. 8) WONG KAR WAI Filmes síntese: "Amor à flor da pele", "Felizes juntos". Personagens que sofrem por amor. Melodrama exacerbado como base. O olhar distanciado, o tempo que custa a andar. O coração amargurado. 9) FEDERICO FELLINI Filmes síntese: "Amarcord", "8 1/2", "Noites de Cabiria". Personagens caricatos, o grotesco, o olhar poético sobre tipos marginalizados. Personagens falam alto, querem ser ouvidos. A prostituta de bom coração, como Cabíria. O circo como base para as interpretações. Como se os personagens estivessem sempre num picadeiro. 10) QUENTIN TARANTINO Filmes síntese: 'Pulp Fiction", "Cães de aluguel", "Kill Bill". O Universo pop, que invade a música, os figurinos, a fotografia. Os personagens vivem em um mundo violento, onde prevalece a lei do mais forte e do mais esperto. Desconfiados, olhares atentos, falantes, de vasta cultura. Tecem teses homéricas sobre determinado assunto, que varia de Big Mac a Madonna. Todos sabem manipular bem uma arma. 11) CHARLES CHAPLIN Filmes sintese: "Luzes da cidade", "O garoto". O herói de bom coração, que se comunica através de olhares e sorrisos. Usa o seu corpo para criar comunicação. É livre, é sonhador. Não tem limites. Se utiliza de peças de figurino ou objetos de cena como escada para suas gagas ( vide bengala e chapéu de coco). 12) PIER PAOLO PASOLINI Filmes síntese: "Saló", "Decameron", " 1001 noites". Personagens libertinos. O sexo e a nudez sem pudor. Uso de não atores. O Naturalismo nas interpretações. A beleza do homem comum. 13) CLAUDIO ASSIS Filmes síntese: ""Amarelo manga", "A febre do rato". O personagem politizado, que faz discurso.O sexo sem freios, quase explícito. O Ator que se joga, não teme. Nudez e fetiches. Performance coletiva com outros atores, meio como se fossem um grupo de teatro. Ator que não pira deve evitar fazer um filme de Claudio Assis. 14) WERNER HERZOG Filmes síntese: " Stroszek", "Coração de cristal", "Fitzcarraldo". O Ator tem que aceitar todas as loucuras do diretor. Desde carregar um barco pela floresta amazônica, passando pela hipnose com todo o elenco (Coração de cristal). Personagens loucos, esquizofrênicos. Sem limites. Gosta do poder e de mandar nos que estão baixo dele. 15) DAVID LYNCH Filmes sintese: "Veludo azul", "Cidade dos sonhos, "Twin peaks". O personagem que sonha, cria um outro universo, delirante, não questiona suas ações, curioso, místico, perturbador. Habita um universo que flerta com o realismo fantástico. 16) KARIN AINOUZ Filmes síntese: "O céu de Suely", "Praia do futuro". O personagem insatisfeito, deslocado geograficamente. Não se vê encaixado no lugar que mora, constantemente incomodado com algo ou alguém. Luta para poder sair daquele lugar, quer gritar sem poder gritar. Quer voar sem poder voar. As pessoas o criticam porquê não conseguem enxergar a sua insatisfação. É ambicioso e o sexo é uma válvula de escape. Se joga na emoção. 17) JOEL E ETHAN COEN Filmes sintese: "Barton Fink", " Onde os fracos não tem vez", "Fargo". Personagens bizarros, violentos, inesperados. são observadores, inconstantes psicologicamente, Têm surtos psicóticos sempre ligados à violência, podendo explodir a qualquer momento e bater em quem estiver na sua frente. Até mesmo matar sem remorsos. Seus personagens são caso de internação em uma clinica psiquiátrica. 18) WES ANDERSON Filmes síntese: "Grande Hotel Budapeste", "Moonrise Kingdon"" Seus personagens são cheios de toques e manias. Fissurados por números, cores, são ansiosos, beiram a caricatura, para quem vê de longe, percebe que existem parafusos a menos. Observadores, agem por impulso. São inteligentes e astutos. 19) PETER GREENAWAY Filme síntese: "O cozinheiro, o ladrão, sua mulher e seu amante", "Um zero e dois O". " O bebê santo de Macon". Atuações teatrais, pomposos, cheios de sofisticação e pedantismo. Sem limites para sexo e nudez. Falam seus textos como se estivessem declamando num palco de teatro. 20) LARS VON TRIERS Filmes sintese: "Ninfomaníaca", "Ondas do destino", "Dançando no escuro". As protagonistas de seus filmes são anti-heroínas sofredoras. São abusadas e massacradas física e psicologicamente. É o ator que se utiliza dos métodos mais porrada para entrar no personagem, Sexo explícito, tapa na cara, o limite é o céu. Para quem quiser se aventurar nesses filmes obrigatórios,. garanto, se não saírem melhores atores observando performances viscerais, terão pelo menos aumentado seu nível de cultura muitos graus acima da média. Sirvam as pipocas! ARRASA!

domingo, 3 de agosto de 2014

Aconselhando o colega de cena

"O melhor conselho vem de pessoas que não te dão conselho", Mathew MacCaughney, Ator O Ser humano adora dar conselhos para tudo na vida. Na vida pessoal, quando você está com dor de corno, você pede conselhos para um amigo. Quando está doente, pede conselhos pro seu amigo. Quando está indeciso profissionalmente, você pede conselho. O Ator, quando é convidado para um projeto mais autoral, muitas vezes fica em dúvida se aceita ou não. Tem aquela cena que fica nú, tem a cena de sexo, a cena envolvendo uso de drogas, etc. Daí ele pede conselhos pro agente, pra família, pro amigo, pra quem ele tiver intimidade. No Set de gravação ou filmagem, como já falei anteriormente, chega uma hora que todo mundo quer dar conselhos. A cena não parece orgânica, a marcação não lhe agrada, o seu colega de cena não parece estar dividindo a emoção com você. Cabe ao Diretor fazer todos os ajustes na cena. Ele é o Maestro, junto de seu fotógrafo e de seu assistente de direção, fiéis escudeiros. Desses 2 profissionais, o Diretor precisa de conselhos tanto criativos quanto técnicos. Quando uma cena não está funcionando por algum motivo, o Diretor vai conversar com os atores , buscando solução criativa para que a cena se desenvolva mais orgânica possível, e que satisfaça a todos. Junto também de seu fotógrafo, ele busca através da luz ou da movimentação da câmera revelar emoção através da imagem. É o conjunto técnica e performances que farão a cena funcionar. Não raras as vezes, nos deparamos com um Ator que resolve dar conselhos ou até mesmo querer dirigir o colega de cena. Comenta sobre o seu jeito de falar, que o texto não está soândo natural, que a forma dele caminhar não está legal, e pasmem, que a emoção dele não está real. Um amigo fotógrafo me contou uma história que aconteceu num Set de filmagem de um seriado de tv a cabo nacional, e essa história jamais saiu de minha cabeça: Durante uma marcação de cena, o Diretor marcou 2 atores, que representavam pai e filho na trama. Eram dois atores consagrados por público e crítica. O que fazia o pai era uma lenda do cinema e tv. O que fazia o filho, após o ensaio, se deu o direito de interferir na atuação do outro ator pois algo o incomodava. Ele chegou pro ator/Pai e deu sua opinião sobre a performance, o aconselhando a fazer de outra forma. O Ator/Pai, sem se abalar, chegou ro outro e disse: "Você agora é o Diretor?" . O Ator/filho respondeu, constrangido pela reação pouco amigável do outro : "Não, é que achei que sendo seu colega, poderia te dar um toque.". O Ator/Pai respondeu: "Eu não sou seu colega". O Diretor, segundo meu amigo fotógrafo, se isolou em um canto para não interferir nesse mau estar que se instaurou no Set. É importante que o Ator saiba que se ele não se sentir à vontade com o Ator que divide a cena contigo, que ele puxe o Diretor em um canto e comente com ele. Mas cuidado para não ferir os brios do Diretor, principalmente se ele disser que a marcação foi ele quem pediu para que fosse assim. Toda parceria em cena deve ser dividida, sem egos. A cena é dos dois atores. Se você sentir que seu colega não está chegando junto, o instigue. O motive. Bote energia nessa relação. Busque no olhar a parceria. Escute. Mas jamais queira dirigir o seu colega. O Diretor está ali para isso. Às vezes você vai se dar a esse direito de falar com o outro Ator porquê ele é seu amigo pessoal. Mas pode ter certeza que esse amigo pessoal vai te escutar, vai fazer a linha "entendi, obrigado pelo conselho". Mas vai te xingar internamente e extravasar com alguém. Várias vezes, como assistente de direção, já presenciei atores murmurando num canto : "Quem essa filha da puta acha que é, querendo me dizer como eu tenho que fazer a cena? " Acho que ninguém precisa carregar essa energia pesada de volta pra casa, não é mesmo? ARRASA!

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

A escolha do Diretor

Existem Atores e Atores. Assim como existem várias as alas das baianas. Na hierarquia que o Cinema e a Tv impõem à Equipe de filmagem, todos devem respeitar quem está acima dele. E somente assim a máquina funcionará. Porquê você vai ver, num set de filmagem, chega uma hora que todo mundo quer dar palpite. O Diretor, obviamente. Mas além dele, o Ator Estrela quer dar palpite. O Fotógrafo quer dar palpite. O Operador de câmera. O Assistente de direção. O Diretor de arte. A figurinista. O Platô. Gente, até mesmo o Ator que entra para dar um "Bom dia"e sai de cena quer dar sua opinião. E aí que o bicho pega. No 1o filme que eu trabalhei na vida, em 1996, eu fui estagiário de Direção. O Filme era "O que é isso, companheiro?". Em uma reunião de análise técnica, onde estavam todos os chefes de departamento, estava eu ali, num canto, apenas escutando e anotando o que era dito. Em determinado momento, a reunião chegou em um impasse criativo, todos querendo sugerir algo para solucionar um problema. Quando percebi que estavam praticamente sem solução, resolvi eu, ali, no meio do nada, dar a minha opinião. Na mesma hora, percebi que eu estava errado na minha atitude. O 1o assistente de direção me olhou feio e me puxou em um canto e disse: "Quando você fizer o seu filme, você faça o que você quiser. No filme dos outros, se limite a falar quando fôr questionado". Nunca mais repeti esse erro. Entendi na mesma hora que as coisas somente funcionam na hierarquia. Porquê eu, que estava trabalhando ali em troca de um prato de comida, me achava no direito de saber mais do que profissionais que ganhavam uma fortuna? E mais, eu jamais deveria ter passado por cima do meu superior. O certo seria puxar ele num canto, dar minha opinião e aí sim, ver o que ele achava. Porquê eu, de certa forma, tirei a sua autoridade perante os outros. Eu, um estagiário, dando a opinião no lugar do meu chefe. Na relação Ator e Diretor, essa química também deve ser respeitada e a etiqueta profissional preservada. Durante uma filmagem de um longa de comédia, uma atriz toda hora que era marca pelo Diretor, questionava na frente de todo mundo a opção dele de enquadramento e marca de cena. Era na época uma das atrizes mais prestigiadas e celebradas do Cinema e da tv, uma estrela. Dava seu comentário sem o menor pudor. Até que o Diretor, já sem paciência, pegou no microfone e na frente de todo mundo bradou: "Olha aqui, você faça o que estou lhe pedindo. Quem manda nessa pôrra aqui sou eu, o Diretor aqui sou Eu." Na minha opinião ambos estão errados. Obviamente que o Diretor quis explicitar para equipe e elenco a sua autoridade mor no Set. Mas o constrangimento é um ato que, sempre que possível, deve ser evitado no Set. O que deveria ter sido feito: Puxar a pessoa num canto e confidenciar apenas para ela o que está se passando. Peça um minuto para o Diretor, e chame ele para um lugar longe da equipe e dos outros atores e diga a sua insatisfação para ele. Mas atenção, a pergunta tem que ser muito pertinente. Já vi Ator segredando para Diretor que o Ator em cena tem mau hálito e que ele não queria beijar. Bobagens como essa podem ser resolvidas com o Assistente de direção e um bom chiclete. O Diretor já tem problemas demais para resolver. Ao Ator que está começando ou que teve a oportunidade de fazer um projeto através de indicações, ou até mesmo aquele que é experiente mas cujo papel é meramente burocrático ou pequeno, sugiro que evite de fazer reclamações ao Diretor, salvo alguma situação esdrúxula. Você vai evitar que o Diretor comente com quem está do lado dele no monitor que nunca mais chamará um Ator mala como você para trabalhar com ele nos próximos projetos. Tenho observado também que Atores que costumam interferir muito na escolha cênica do Diretor, desejam de verdade dirigir um projeto próprio. A inquietação, a insatisfação, geralmente é algum tipo de vontade de querer dar voz d comando na criatividade. Está para surgir um Diretor novo no Mercado. E 99 % das vezes, é isso mesmo. Inclusive esse caso da atriz acima, descobri que ela quer dirigir. Boa sorte para ela e assuma com propriedade essa nova função. E que ela torça não se deparar com Atores que questionem o tempo todo a sua escolha.. ARRASA!!