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sexta-feira, 27 de junho de 2014

A etnia como obstáculo

Lembram daquela frase da Campanha do Governo durante as eleições? "Mulher, negra, pobre e favelada". Essa frase me marcou pelo estigma que ela cria sobre um indivíduo. Pasolini, o Cineasta italiano, tinha contra si a frase: Gay, comunista, ateu. E assim ficamos presos a uma marca que adoraríamos que fosse substituída por "Liberdade, igualdade, fraternidade". O mercado artístico é assim, trabalha também com esse estereótipo, com essa marca que carimba em nossas testas o que somos. As pessoas ganham auto-estima e amor próprio ao declararem o seu amor pela sua raça, a pessoa toma coragem e sai do armário, a pessoa toma coragem e assume que é ateu em um País majoritariamente católico...e ganha um carimbo na testa, dado pelo Mercado de trabalho que faz questão de reforçar o que somos ou deixamos de ser. Você é negro, você é amarelo, você é índio. O processo de escalação de elenco é sempre uma loucura. Durante a escolha de elenco, sempre ouvi os Diretores falarem coisas do tipo: "Ele é mulato, não serve, não é negro o suficiente. Ela é mestiça, quero oriental de olho puxado, ela não serve. ". Eu sempre reparo em seriados e filmes americanos, e que, no passar dos anos, foram ganhando um contorno mais globalizado e aceitando a diferença racial de uma forma mais natural e sme marcar os estereótipos. Assim, em séries como "Grey's anatomy", "Glee", "The walking dead", por ex, temos atores negros, orientais que atuam com a mesma proporção que os atores brancos, e sem trata'-los como o "oriental", "O negro". São todos iguais. Não tem escravo, não tem suhsi-man. São médicos, alunos, advogados. Aqui no Brasil, ainda caminhamos a passos curtos em relação a essa igualdade de divisão de papéis. Infelizmente o estereótipo é o que comanda aqui na escalação de elenco. São poucos os atores que adquiriram um status de poderem interpretar outros personagens que fujam do estereótipo. Eu antes de trabalhar atrás das câmeras, era Ator e fazia pequenas participações em comerciais , series e filmes. Obviamente que todos os papéis que eu interpretava reforçavam a caricatura de como uma pessoa enxerga um oriental. Eu me sentia um personagem do filme 'Encontros e desencontros", aquele olhar clichê do homem branco sobre uma outra cultura. Uma vez, um assistente de direção chegou e falou pro Diretor: " O Hsu é chinês, não é japonês". Estavam procurando japoneses pro comercial. No que o Diretor retrucou: "É tudo a mesma coisa". Quando escalamos índios, o que vemos nos testes é: bolivianos, peruanos, manauaras, e até mesmo, orientais. O pensamento é o mesmo: "É tudo a mesma coisa". Até que chegou um dia que cansei de brincar disso e fui atrás de outras cosias. Sei o quanto é difícil, quando você faz parte de uma minoria, sobreviver sendo ator. As chances são muito menores, e por você ter menos possibilidade de trabalhar, a pessoa acaba não praticando a profissão e enferruja. Raramente é chamado para testes em comerciais, em filmes só se for algo especfífico. Torço para que um dia a escalação seja feita em cima do talento e nao da côr. ARRASA!

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